domingo, 8 de agosto de 2010

Estarás em Petersburgo, à beira do Nevski, a me beijar

A poesia me faz falta.
Todas as palavras metamorfoseiam-se em vidro, em aço,
e esquecem que a música e a dança lhes pertencem.
Eu estou encharcado de vozes e gritos noturnos,
e das cores de meu sonho nublado.
Cantarei com ela no topo das montanhas
o canto da sublime solidão.
Não me acostumei ainda, mas é hora.
Despedaçarei até a indivisibilidade
as elaboradas distâncias entre mim e Heloísa.
A feiúra urgente que o mundo carrega nos braços não atingirá
a aura de delicadeza que construí para minha amada.
Estará ela em Petersburgo, à beira do Nevski, a me beijar?
Explorarei como louco os infinitos ângulos que a rodeiam e

(daqui para frente)
esquecerei que sou eu.

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