quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ode seca, pétrea

Meus anseios se resumem à transitoriedade medíocre dos fatos:
não é poesia, apenas a vida boêmia, a desordem, e as garrafas estilhaçadas contra a parede do bom-senso. Alguns deles se tornaram meus amigos, e outros eram inimigos tão fiéis que não valia a pena deixá-los viver mais um pouco. Eu, nesse exato momento, estou sujo de sangue, esperando pela vida nova que a todos é prometida todo santo dia, nos comerciais de TV, nos catálogos da Avon, ou Romannel, ou sei lá o quê que custa algumas parcelas de 39,90. Cansei dos hamburguers multinacionalmente suculentos. Cansei de lutar pela paz mundial, cansei do discurso ambientalista, cansei da democracia que eu não fiz. Amei apenas uma mulher na vida, mas ela nunca existiu fora dos limites do sonho e do delírio. Tive alguns empregos, mas eles ocuparam apenas o meu corpo; o espírito voava em outras paragens, perdido; empreguei métodos eficazes para alcançar a felicidade, mas ela é uma bandeira hasteada ao longe, tremulando ao vento do acaso. Hoje, aos 39 anos e alguns desperdícios, sou um homem desiludido e desiludido.
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Postagem dedicada às pessoas que não entenderem esta postagem.

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