sábado, 29 de maio de 2010

(Sem um título convincente)

É mais ou menos aquilo que Gramsci disse: pessimismo do intelecto, otimismo da vontade. Enquanto houver alguém pra ouvir ou pra me contradizer, estarei aqui, juntando as palavras umas às outras, por menos sentido que façam, por mais fragmentárias que pareçam ser. A arte é uma sobreposição infinita de recortes do real sobre o real. Tenho tentado construir (e como é desgastante e doloroso!) meu universo de retalhos assim: pelos cantos, retraçando as arestas e os flancos, perfurando as portas para ver o que há do outro lado, escavando o chão mais improvável e descobrindo mundos à parte, muito parecidos com o nosso; tão parecidos que talvez sejam o nosso, ou um sonho do nosso, ou o nosso um sonho deles, sei lá. Tenho, é obvio, minhas dúvidas e labirintos. Por exemplo: como devemos nos portar diante da estupefação que nos circunda? quando secam os oásis utópicos, estendem-se realmente os supostos desertos de banalidade e perplexidade*? ou surgem apenas oásis secos, menos metafóricos, mais concretos, que são apenas ambientes diferentes, inospitamente intrigantes, violentos e complexos?
Devemos pensar sem parar nesses nossos oásis secos.

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*Jürgen Habermas?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Evaporações

era como se parássemos pra pensar e isso servisse pra alguma coisa... sem tempo, sem dinheiro, sem amor, sem uma idéia na cabeça, sem convicções, estamos passeando pelo theatrum mundi -ambiente de atuação mal iluminado e cenograficamente medíocre*. os que tentam nos incriminar de vândalos juvenis têm toda a razão, mas a razão é só o que eles tem**, além de muitas faces e disfarces /
(certa vez, minha mãe me disse: "Ora bolas, meu filho! Se você não tem alguma coisa a que se apegar, apegue-se ao nada e às mùltiplas possibilidades do nada". dá pra concluir duas coisas: 1 -minha mãe é uma frasista de primeira; 2 - minha mãe é um projeto de niilista e eu me orgulho disso, eu acho.)
/se soubéssemos o nome de todas as constelações; se comprássemos os livros junto com o tempo para lê-los***; se pisássemos no lamaçal da sociedade sem sujar os tornozelos; se fôssemos ao cinema assistir a nós mesmos; se protelássemos ao máximo a entrega de trabalhos, balanços, formulários preenchidos, notas de empenho, boletins, comandas; se a receita do bolo fosse simples sem ser óbvia; se as pessoas desmaiassem ao som da palavra "amor"; se, ouvindo música, ficássemos repletos de beleza...
somos sempre nós, os noturnos, a cantar o desastre (e a ressurreição) de tudo.
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*Quando a gente anda em círculos, nunca se é bastante rápido, já disseram os Engenheiros do Hawaii.
**Mais uma vez, citando os imortais Engenheiros.
***Preocupação seríssima de Schopenhauer
Os netos usam a net
enquanto o velho envelhece
esquecendo do tempo
que
se esvaiece.
Se aquece com colchas de retalhos
observando velhos retratos pessoais
de tempos que não voltam mais.
E o futuro,
incerto, o remete à possibilidade
de que sempre será lembrado
ou deixado de lado...
...por causa da idade.
Saudade e esperança são o que há.
E o ar do amor
ainda subexiste em seu coração.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O artista nato
é autista
surfista
ou metodista
e mata por uma bela arte.
Paisagens de Marte
Ou uma mata qualquer.
Pés de ata
Ou atas de reuniões
Que não desatam
atos grevistas.
Revistas sobre
revistas policias
que causam desconfortos
em confortáveis
elitistas.
Artes classistas
Descartáveis, e só.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O acordeonista está vazio

alguém o observa, num frame de cotidianidade. outros (a maioria esmagadora) não. é no típico ambiente urbano em preto e branco que a fatídica e talvez imortal cena se dá, ou se manifesta - phaenomenon provável, consciente. é uma esquina da cidade mais fotogênica do mundo, Paris. ser fotogênico não significa ser belo, significa ser imageticamente fatal. (São Luís é fotogênica, nesse sentido. o acordeonista mereceria estar na João Lisboa). a mulher cujo braço esquerdo não foi captado pelo fotógrafo provavelmente segura uma sacola com cenouras, batatas e croissants frios, de ontem. outros constituintes: a bengala inútil, a placa de sinalização do incipiente trânsito moderno, a aglomeração de homens ao redor da banquinha de jogo do bicho, o frio, a presumível pobreza, de dentro e de fora. o homem que o observa, e empunha uma prancheta, com sua expressão intrigada, talvez de homem que sofre do fígado, não esconde a verdade: é um desenhista, que traça linhas infinitas e nunca conclui o desenho, de propósito. o mais curioso na fotografia é que o mundo (tudo que não é esta fotografia, tudo que está ao redor dela) continua a fluir, impreterivelmente. há uma letra B no canto da imagem, reparem. não sei que frase ou nome de estabelecimento comercial ela iniciaria. isso me dói, não saber de nada.

domingo, 23 de maio de 2010

Carta a Juliette

Da próxima vez, Juliette, espelhe-se no seu passado, antes de minar a própria vida com atitudes de antemão falidas. Não me proponho a ser teu conselheiro, querida, mas é urgente que alguém te salve do fracasso, palavra tão útil, tão completa, tão moderna. Endividada até os cabelos, privada de todas as esperanças, dotada apenas da capacidade de morrer, eu te definiria assim: uma pós-donzela, no pior sentido. Mas sabe de uma coisa? Toda a nossa geração está fadada a ser pós alguma coisa; logo, estamos perdidos. Somos o que o passado fez de nós, nossa luz será sempre apagada pelos que entrarem no salão, nossos medos são reconstruídos a cada Jornal Nacional, o desespero é data certa no calendário, nossas cartas são mentiras, nosso valor é medido no vestibular, nossos ideais são vendidos estampados em roupas de grife, nós mesmos nos vendemos através do que compramos.
Aprendemos algo com tudo isso? Não, não se aprende nada: nossa geração é geração que aprendeu a desaprender, que esquece as lições, que dorme demais, que está cansada, que morre cada vez mais, que bebe cada vez mais. Nossos nomes são os mesmos de sempre, e daqui a vinte anos teremos uma vida estabilizada, com família, conta no banco, um automóvel na garagem, idas ao supermercado, amantes, talvez, horários a cumprir, metas a alcançar no escritório; todas essas coisas que tornam a vida um mérito e uma obviedade. Juliette, enquanto isso não chega eu só digo que te amo e continuo a escrever em meu blog. Eu devo tudo à geração que sou e à geração que serei daqui a vinte anos.
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Do seu querido Luciano,
com intraduzível saudade

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Já era!: Mo(vi)mentos pensos no contexto de pós-estruturação do conceito de capitalismo e fuleiragens afins"*

Também de luz são feitas as nossas longas tardes e madrugadas, viajando em escadas rolantes, na televisão, da incapacidade de amar algo(-uém). Ela tomou fôlego e me disse: "Bem, eu acho que nada
e parou por aqui mesmo, sem reticências, sem fechar aspas, inconclusivamente real, seca, esdrúxula. Como eu amo todas as coisas simples e cínicas!, inclusive a linearidade dos traços de um prédio abandonado, cujo argumento claudica e acaba por morrer sem a tão prometida unção dos enfermos, que evoca os últimos respeitos à vida. Essa manhã, ó fragmentos, ia atravessando uma avenida e comecei a refletir (na verdade, fingi que refletia - não sou espelho): "Se todas as coisas que existem por aí realmente existem, o mundo é um lugar péssimo pra se viver, pois todas as coisas implicam num peso insuportável sobre o real. Ah, não: o mundo já é um lugar péssimo pra se viver, sem que eu precise me dar conta disso. Antes de eu nascer já era.". Por pouco não fui atropelado pelo ônibus da linha Cohatrac IV, durante o pensamento e durante a travessia. Pensar mata.
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*Quem encontrar algum nexo, por favor, ligue para o autor: (98)8814-0107. Ele também está à procura.

No Exílio*

Saudade:
Esse é o efeito torporoso da solidão
que atua feito
um torpedo
de melancolia
nas tarde sombrias
de um sábado de verão.
Todos, um dia,
verão meu sorriso pleno
num plano diferente deste
e neste dia
tudo será como
no Ceará do porvir
no
qual
o pó agressivo
do agreste nordestino
será convertido
numa Seara desmedida e felicita!



*Direto de BdC. - Mais um texto de Fabrício B, o autor amordaçado pelo Sistema.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"O autor solicita uma nota de esclarecimento", de Fabricio B.*

O autor solicita uma nota de esclarecimento, pois o mesmo está em BdC, onde os contatos diretos com os colaboradores são bloqueados pelo Sistema:

“Algumas pessoas advertiram, informalmente, sobre o significado em o Preço da Pressa: na verdade trata-se, em princípio, de uma publicação sem título. Nasceu como um trava-línguas qualquer [três tigres tristes], um jogo de palavras parecidas, com uso de digramas que causam irritação nos escritores e dúvidas quanto ao uso de s,x ou c, j e g, etc., jogo de palavras iguais com significados diferentes, um jogo de rimas com sonoridade. Quanto ao significado é salutar que cada um atribua o seu e comente. Quanto ao significado do autor [porque este uso na terceira pessoa?]: falo de pressa e insistências tipicamente arrogantes deste mundo virado, simplesmente. Perguntam se é só isso. Sim, é só isso. Mas este isso dentro de um contexto qualquer pode se transformar no desenho da vida de alguém, tocando no âmago de questões invioláveis.
- Expeça um café... expresso... com pressa!
- Por que esse imperativo idiota? Isso aqui não é qualquer bodega que você chega mandando!! [frase de efeito típica de delegacia do interior]. Ora, Expeça você!!
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*Texto elucidativo de Fabricio B. - o mesmo está impossilitado de postar em seu nome, por exigências e contingências do Sistema. Por isso manda os textos por email, e eu, Luciano Leite, também iminente vítima do Sistema, publico.

domingo, 16 de maio de 2010

O gordo


Um cara que é muito mais que um amigo

Que às vezes se transformava até num super-herói atrapalhado

Que acabava com os inimigos mais cruéis: bolos, doces e travessuras.

Que jogava bola sobre o orvalho da Jordoa

O artilheiro matador dos gols bonitos

O poeteiro do amor e da putaria, que fazia tudo isso com uma dose de psicologia

O cara que põe versos em fotos

Que pira escutando rock, jogando nintendo e soprando fitas de Mortal Kombat

Que trabalha numa escola no infinito, com crianças que necessitam muito mais que um ensino

Que deixa de comer pra ler

Que deixa de brincar pra trabalhar

Que deixa de ser criança e vira homem.


Comentário: Dedicado ao cumpade Luciano.

Beija-me

Pesando 126 quilos, com 1,84 de altura, temos, do lado esquerdo (o público, todo composto por fumantes e amantes do uísque, vai à loucura...) ele, o maior, o grande, o gigantesco, Marius Roger! (os flashes explodem de todos os lados, tentando captar a figura musculosa e brutal que se apresenta no ringue, banhada em masculinidade). Do outro lado, não menos assustador, está ele, que defende o título desde 1946, pesando 123 quilos, e com 1,79 de altura, com sua famosa barba(o público, todo composto de mafiosos e acompanhantes de luxo, vai à loucura), ele, o incrível alemão Carl Hertz-Lang! (o juiz inicia a luta, os golpes são desferidos no ritmo habitual do boxe, a melancólica dança dos lutadores se desenha no ringue respingado em suor e sangue, gritos de apoio, vaias, blasfêmias, orientações dos técnicos, tudo elucidado pela iluminação amarelenta e esfumaçada). Mas em dado momento do combate, lá pelo 5º assalto, o alemão nocauteia contundentemente o seu adversário, que cai inerte. A contagem regressiva poderia ter sido desconsiderada, pois o homem já estava morto. Os médicos do local tentam socorrê-lo, inutilmente. O boxe perde mais um perdedor.
É uma noite normal na Nova York de 1949: luta-se e morre-se.

sábado, 15 de maio de 2010

Edgar

“(...)Edgar realizou a viagem em setembro de 1992, deixando pra trás tudo que podia deixar. A lembrança que temos de Edgar é essa: o homem que acenava no saguão do aeroporto - que pode ser Cumbica, JFK, Heathrow - com um ar envergonhado e tímido de quem se despede pra sempre ou de quem sempre se despede. Imagino os inúmeros ensaios solitários que Edgar fez do aceno final, na frente do espelho. A despedida é um ato de coragem, de amor, de clareza, que busca sempre o futuro, o momento através do qual nega a si próprio: o momento do reencontro. Para Edgar, homem não muito satisfeito com a vida, despedir-se era um modo de existir. ‘Não tenho mais nada a fazer aqui’, dizia e ia-se, à francesa. Não ficou muito claro pra nós quem era Edgar. Sei apenas que pegou o avião e foi embora. Não nos telefona, nem manda emails ou cartões postais. Talvez ele se despeça de si mesmo um dia, e vá em busca do sentido da vida, mas ainda isso seria óbvio demais para ele.(...)”

Trecho do livro “Vida e Obra de Edgar Mensonge”, Companhia das Letras, 2010, R$ 34,99, pág 76.

Preço da pressa

Expeça um café
com gotas de limão bem
espremido,
exprimindo o amargor do dia-a-dia,
para eu tomar com
compridos
comprimidos
elaborados por um químico
que cumpre ordens,
pois estou bastante
deprimido.
Expeça logo este café
expresso com bastante
pressa
pois tenho que pegar o trem
expresso
que parte com
pressa
esgrimindo
como quem tenta escapar da
presa felina da noite que avança
e nos domina.

sábado, 8 de maio de 2010

Foi como um sonho...

Às vezes um ser humano é muito mais que um ser humano.


Comentário: Designação de uma pessoa muito especial; luto de 1 semana no blog; ficaremos sem produzir nos próximos dias, e durante esse período o blog não terá nome (apenas o link), nem foto, nem descrição.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Óbvio...

É uma choperia ali de Pindamonhangaba-SP... quer saber o óbvio de lá?

Muita amarelinha pra você tomar com um tira-gosto.

É uma fabricante de automóveis brasileira.

É uma expressão que metade da população utiliza e não sabe nem metade de seus significados.

Pode ser um super herói também... o capitão-óbvio.

E para o Rappa?...até o obvio vale a pena .

ÓBVIO- objeto voador incolor ocioso.

E para o Adriano?”Óbvio que quero ir para a Copa”.

E o não convencional?

Algo fora de convenção e que meia dúzia de malucos pensam que é o certo.

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Comentário: Após informações da mídia, Victor Hugo descobre que seus textos estão mais como uma auto-ajuda do que um simples e mero veículo humorístico, então ele corta sua orelha (Van Gogh) e depois publica o texto.

Arte

"Arte é uma criação de valores que a sociedade de certa forma desvalorizou. Houve um esquecimento do sentimentalismo em cada pincelada, a sede de transmitir o que o coração fala, a busca da perfeição dentro do campo de visão do autor, pois nem tudo que ele faz agrada as pessoas, mas de qualquer forma traz alívio a ele."
Por Isabela Palitot, em maio de 2010

Salve, salve!

Gostaria de enviar minhas cordiais saudações à artista Isabela Palitot, que, com seu talento, nos brinda com uma intertextualidade nova e muito interessante em nosso blog. "A arte é a mais real de todas as coisas", já alertava Marcel Proust, e o nível de realidade do Abstrações... só tende a aumentar com a valiosa contribuição da jovem Isabela.


Grato, Luciano Leite.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Felicidade



Pode ser apenas uma pintura de alguém que está começando sua carreira artística. Mais isso é muito mais que um lugar em que andorinhas são apenas andorinhas, onde barcos carregam pescadores de ilusões, que buscam incessantemente a felicidade . Talvez felicidade é estar em um lugar vendo o mar longe de tudo que se mostra negativo ou comprar absurdamente em um shopping, ou roubar alguma coisa por puro prazer(cleptomaníaco), ou...será que realmente somos felizes?Sei lá, sempre falta alguma coisa...a autora dessa pintura encontrou a felicidade nesse lugar, que ninguém sabe onde é, não há mapas ou caminhos....resta cada um buscar o seu.
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Comentário (Victor Hugo): Colaboração de Isabela Palitot com seus quadros que buscam respostas no infinito, a pintora tem talento e traça um futuro promissor.

Penso, logo insisto.

-E Godot, virá?
-Estamos à espera.

domingo, 2 de maio de 2010

"Perplexo ante o coração da luz, o silêncio" - parte II

Eles perseveram nas técnicas do absurdo,
E elencam as cinquenta novas maneiras de existir.
Eu renuncio, faço um brinde ao Canal de Suez ("Cheers!"),
Elaboro o próximo mapa astral de Tiradentes.
Sem uma gota de esperança,
Eles escrevem livros densos sobre a morte, a psicologia,
A pluralidade das manifestações paranormais, e
Depois? Depois caem em desgraça!
(Este lugar, a Desgraça, tão comum, tão próximo, tão urgente!)
No ambulatório, quem me dera poder atravessar as grades de mim mesmo!
Mas os fragmentos continuariam caindo, sem parar,
Num acesso de lucidez sem precedentes:
Os agentes do Estado já começam a me procurar,
Perseguindo as pistas e interrogando as testemunhas...
Mas pra quê, se a grande pista sou eu? Eu!
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Poemeto dedicado a T.S.Eliot (1898-1965)

Só me deixe onde a luz está

Pra você o que é amor?

É somente aquele que você sente por seus pais, pela sua família ou por sua namorada?

Amor é muito mais do que uma posse, é sentir-se feliz quando você escuta aquela musica e as lembranças correm aos olhos como se aquilo fosse real. E esse real acaba confundindo-se com a realidade e você acaba perdendo a noção de tempo e espaço.

A razão fica como mais um componente obsoleto e o coração pulsa de forma tão violenta que acaba faltando ar...E nesse ar estão todas as tuas esperanças de que aquele amor seja correspondido e você acaba mais uma vez dando um maior valor as simples coisas...um abraço, um olhar, uma risada...

E o tempo passa como um relâmpago... tão rápido que as circunstancias mudam, mas aquilo vem pra amadurecer e por na tua cabeça que você esta certo que aquele amor vai ser retribuído.

Mas...se todo aquele processo der errado e toda a luz virar escuridão ...pense que você amou com uma sinceridade tão grande que ao fechar os olhos não viram memórias ruins..mas sim memórias boas de quem cumpriu o seu papel de ser humano com erros e acertos.

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Comentário: Qualquer pessoa pode fazer uma poesia filosófica ou uma poesia romântica, mas só nós, Victor Hugo e Luciano Leite fazemos muito mais que textos, são experiências vividas na pele...como dizia John Mayer: Just keep me where the light is ("Só me deixe onde a luz está").

"Perplexo ante o coração da luz, o silêncio." - parte I

Da próxima vez que vieres,
Eu estarei curvado sobre as pedras metafóricas
E então não me pegarás de surpresa.
De verde, de lilás e de marrom,
Meu deus, quem são eles que adentram a típica manhã de 1633?
Essa longínqua e saudosa manhã!

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Poemeto dedicado a T.S.Eliot (1898-1965)

sábado, 1 de maio de 2010

Coletânea de divagações esparsas

Laços: não os partirei.
Para não ser atingido por raios durante a tempestade,
Não basta fingir-se de morta, querida.
Encontrar no desespero uma saída é uma saída, mas,
Se a cada 10 palavras ditas no mundo, 9,14 são de dor,
De que serve a voz humana?
Eu estou do lado errado, eu pulo fora,
Eu exerço funções sociais simples
Eu tenho sonhos curiosos com o João Gilberto,
Eu pulo fora de novo.
As estrelas (na verdade, foi meu pai. O termo "estrelas" eu uso pra
[ficar mais poético)
Me ensinaram que a vida tem apenas dois lados.
Um é a morte, o outro é aquilo que antecede a morte, e voilá:
Aqui estamos.

"Teresa aqui está," ...

Estamos à beira de nós mesmos, em plena decadência. Minhas mãos fedem a óleo de motor, meu anjo: o destino nos pôs aqui, um de frente para o outro, para que possamos trocar palavras ternas (ou tapas) e identificar, na nossa timidez mútua, a existência de um outro ser que faz sentido. Eu pensei muito em ti, e teu valoroso apoio foi um fogo construtivo, que acrescenta ao invés de consumir. Todos os caminhos levam à falsa Roma que se chama meu coração, e em ti é possível elucidar todos os crimes não cometidos. Ó sinistros fragmentos do real, ó moedas do acaso, que pululam na noite!
Minha vida tem sido tentar encontrar-te. Em vão vivi, pois.

Sonho animalesco

Um dia desses, num desses encontros casuais, me pego olhando lagartixas halterofilistas cantando Engenheiros do Hawai. Mais do que um plagio, isso é mais uma das idéias loucas em que há causas e conseqüências. E no rascunho criado por um bêbado, sua nega fica entediada sempre que seu ‘bafo’ de álcool sussurra em suas narinas.

Entediar nem sempre é a regra da vida.

Apaguei a luz, não consegui olhar teu doce, doce mel,

Rios musicais estão poluídos por bandas tipo Restart, que se diz uma inovação dos lendários Paralamas do Sucesso e outros.

A sinceridade fluente... filosofia.

É queguida, meu nome é Dicesar, e as bibas confirmam,

Por trás de nuvens de purpurina, um grande homem composto de

Três coisas:

Maquiagem, frescura e incertezas. (Talvez sair do armário seja a quarta,

Mas fiquemos só no “Talvez”).

Largatixas, zebras e lagartixas...

Todo o zoológico canta dentro de jaulas sujas e obscuras..

Não, ali não é a puta que pariu, mas lembrarei de tudo e todos, apesar disso ser tudo apenas um sonho.




Lagartixas halterofilistas

Estive pensando: quinze pras quatro.
As causas eu as tomo pelas conseqüências, pela culpa preliminar,
No mapa-múndi desenhado pelo bêbado.
Ficas entediada sempre que minhas palavras soam, Elisa,
Mas o tédio é a regra do jogo.
Eu estive apreciando daqui a tua luz, teu mel,
O rio musical que percorre tuas veias,
A insinceridade fluente como o inglês, o método científico.
Sim, querida, meu nome é Thomas, e os deuses confirmam,
Por trás das nuvens imaginárias, que toda a Verdade consiste em
Três coisas:
Pretextos, suspeições e incertezas.
(Talvez as mentiras universais sejam a quarta,
Mas fiquemos no âmbito do “Talvez...”).

Médicos, mendigos e macacos
Cantam a Marselhesa debaixo da
Palmeira infinita:
Não, não é o paraíso, mas eu me lembrarei para sempre deste dia.