sexta-feira, 28 de maio de 2010

Evaporações

era como se parássemos pra pensar e isso servisse pra alguma coisa... sem tempo, sem dinheiro, sem amor, sem uma idéia na cabeça, sem convicções, estamos passeando pelo theatrum mundi -ambiente de atuação mal iluminado e cenograficamente medíocre*. os que tentam nos incriminar de vândalos juvenis têm toda a razão, mas a razão é só o que eles tem**, além de muitas faces e disfarces /
(certa vez, minha mãe me disse: "Ora bolas, meu filho! Se você não tem alguma coisa a que se apegar, apegue-se ao nada e às mùltiplas possibilidades do nada". dá pra concluir duas coisas: 1 -minha mãe é uma frasista de primeira; 2 - minha mãe é um projeto de niilista e eu me orgulho disso, eu acho.)
/se soubéssemos o nome de todas as constelações; se comprássemos os livros junto com o tempo para lê-los***; se pisássemos no lamaçal da sociedade sem sujar os tornozelos; se fôssemos ao cinema assistir a nós mesmos; se protelássemos ao máximo a entrega de trabalhos, balanços, formulários preenchidos, notas de empenho, boletins, comandas; se a receita do bolo fosse simples sem ser óbvia; se as pessoas desmaiassem ao som da palavra "amor"; se, ouvindo música, ficássemos repletos de beleza...
somos sempre nós, os noturnos, a cantar o desastre (e a ressurreição) de tudo.
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*Quando a gente anda em círculos, nunca se é bastante rápido, já disseram os Engenheiros do Hawaii.
**Mais uma vez, citando os imortais Engenheiros.
***Preocupação seríssima de Schopenhauer

3 comentários:

  1. Segunda metade do romantismo? (:

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  2. Texto engenhosamente escrito... =)
    De volta a blogosfera.

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  3. Não que eu me recorde de já ter ouvido essas palavras da boca de mamãe, mas todo o resto é mais que real (ou talvez seja só uma fase). Só espero não morrer de tuberculose :/

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