sábado, 29 de maio de 2010

(Sem um título convincente)

É mais ou menos aquilo que Gramsci disse: pessimismo do intelecto, otimismo da vontade. Enquanto houver alguém pra ouvir ou pra me contradizer, estarei aqui, juntando as palavras umas às outras, por menos sentido que façam, por mais fragmentárias que pareçam ser. A arte é uma sobreposição infinita de recortes do real sobre o real. Tenho tentado construir (e como é desgastante e doloroso!) meu universo de retalhos assim: pelos cantos, retraçando as arestas e os flancos, perfurando as portas para ver o que há do outro lado, escavando o chão mais improvável e descobrindo mundos à parte, muito parecidos com o nosso; tão parecidos que talvez sejam o nosso, ou um sonho do nosso, ou o nosso um sonho deles, sei lá. Tenho, é obvio, minhas dúvidas e labirintos. Por exemplo: como devemos nos portar diante da estupefação que nos circunda? quando secam os oásis utópicos, estendem-se realmente os supostos desertos de banalidade e perplexidade*? ou surgem apenas oásis secos, menos metafóricos, mais concretos, que são apenas ambientes diferentes, inospitamente intrigantes, violentos e complexos?
Devemos pensar sem parar nesses nossos oásis secos.

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*Jürgen Habermas?

2 comentários:

  1. 'Gelo em Marte diz a Viking, mas no entanto não há galinha em meu quintal (...) Dois problemas se misturam: A verdade do universo e a prestação que vai vencer'. Maluco beleza, siô.

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  2. Tal qual Descartes, que afirmava que a ciência só avançaria a base da dúvida... Nossos oásis secos de imaginação e cheios de pedras precisam de questionamentos para encherem, dessa vez de água. (:

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