quarta-feira, 30 de junho de 2010

Xiiiiiiiiiii

Efêmeros comprimidos
efervescentes que se
enervam e borbulham
num afogamento titânico,
pânico.
Caos
aos
submersos
versos
que exteriorizam
tragédias
abissais,
sais de fruta para azia
paralisia estomacal,
Nada de mais

domingo, 27 de junho de 2010

Deste lado do ringue, ele: o Homem Vazio!

temos vivido como animais: comer, dormir, copular. eu corto um pedaço de carne e levo à boca, como o careca de Matrix, e me pergunto: Cassete! isso tudo é real? pegue a minha mão, Elisa, vamos saltar os trilhos do trem sonolento que nunca passa, vamos ler o sacana do dostoiévski juntos- porra que russo fenomenal - e comer goiabada ao molho de entardecer. eu preciso de ti, com todos os meus músculos, ossos, rins, eu preciso de ti, preciso tanto que a proxima palavra eu não escreverei por puro cansaço e descaso /....................... ..... ........./, puxa vida, eu queria assistir aos teus sonhos como se assite a um filme, pra saber se eu sou personagem deles. é bem provável que não. todos os dias, quando o dia acaba, muitos seres humanos saem de seus ambientes de trabalho e voltam pra casa, carregando a cruz do cansaço e da exploração do homem pelo homem. ao chegar em casa, é quase hora de voltar para o trabalho e carregar a cruz de volta. todos os dias, bilhões de seres humanos escrevem (pensam que escrevem) a história, ao viver suas vidas banais, assistindo Jornal Nacional e depois a novela das 8. o homem é um animal que assiste telenovela e pensa que faz a história. eu sou um animal que te ama, Elisa.
.
.
.
.
(apostei com o deserto que cairia no sono antes dele: ganhei. meu prêmio foi nunca mais acordar e viver dentro de meu próprio sonho infinito, tomando-o como realidade. agradeço a todos que prestigiam este pedaço de meu sonho chamado Abstrações, Lirismos, Filosofices, e que fazem dele o blog mais lido do mundo, considerando apenas os blogs escritos por caras que usam camisas do Arraial 2007 da Jordoa, ou que morem na rua 800 ou 900, ou 600, do Cohatrac I ou II ou III ou IV, ou que sejam policiais civis em Barra do Corda, interrogando índios bêbados que só falam tupi-guarani. valeu mesmo.)

sábado, 26 de junho de 2010

Esse post eu dedico a todas as pessoas que são atropeladas

tomemos como exemplo um cara que nem Luciano: tímido, desengonçado, usando uma camiseta amarela estampada com São João menino, do Arraial da Jordoa 2007, com a barba por fazer, suado, sem banhar desde ontem. ele lê uns livros, escreve para um veículo de entretenimento barato na internet, trabalha um pouco, faz amigos sem parar, e principalmente, pensa tolices. pensem duas vezes. sejam caridosos: ao invés de tirar suas próprias conclusões, tirem as dos outros. - plantem um livro, tenham uma árvore, escrevam um filho: três coisas que um homem deve fazer na vida. a quarta é morrer apenas quando chegar a hora. nem antes nem depois, como diz minha mãe.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Voltando pra casa

E a cada dia longe de tudo ..
Vi as palavras fugirem da mente
Os versos sem palavras rebuscadas e exaltadas
Fiquei sem voz, sem arte, sem poesia
Vi o eu-lírico sem enredo
Me vi perdido, sem chão
Dois mundos se chocam:
no fundo do poço sombras obscuras aparecem...
Mas depois tudo aquilo virou luz.
.
..
.
.
Comentário: Obrigado a todos que pediram a minha volta, mas especialmente a Fabrício e Luciano ,que como dizia Shakespeare: " Eu aprendi que para se crescer como pessoa é preciso me cercar de gente mais inteligente do que eu".
Le sepe ne leve le pé. Ne leve le pé, ne leve le pé, perque ne quer. Le sepe ne leve le pé, ne leve le pé perque ne quer, me que chelé.

* Altamente anônimo [ao menos desconheço a mente brilhante geradora deste]

* E por que não? Cada qual no seu cada qual!

terça-feira, 22 de junho de 2010

O relojoeiro com a vista perfeita, ou sei lá o quê

Bem, Larisse, se você não acredita mais em mim, a única saída é continuar sendo o que eu sempre tentei ser: um ator com múltiplos papéis. Mas como em Henrique IV, de Pirandello, a máscara estava pegada à cara, de propósito. Não sei ser o que posso ser, mas sou o tempo todo os trejeitos de um possível personagem, que grita, pula, entra e sai do cenário malfeito, conta piadas de bom e mau gosto, e morre no final. Morrer no final é tão importante quanto viver durante ou nascer no início: pois essas são as chaves da vida de quem nasceu para não ser o que é. Todos somos ficção, todos somos personagens secundários de uma peça qualquer de Shakespeare; eu mesmo, um certo Luciano Leite da Silva sou, na verdade, o "Primeiro Caçador" que surge na cena I da "Megera Domada" e fala alguma coisa sobre um Carrilhão. Sou Luciano apenas por distração, e às vezes me canso; eu, que o tempo todo luto contra os meus diretores, roteiristas e contra-regras, só consigo entender o mundo como um teatro do tamanho do mundo - cuja falência sempre tem data e hora marcadas: hoje e agora.

Em vez de fogo, fogo

Ora bolas: eu saio todos os dias pela manhã para o trabalho e volto para casa apenas à noite, quase na hora de dormir. Ou seja, passo o dia fora, à mercê dos acontecimentos cotidianos, que nos surpreendem sempre e podem causar fatalidades absurdas. Por exemplo: eu posso ser atropelado ao atravessar uma avenida qualquer, posso ser alvo de uma bala perdida, posso morrer engasgado com água mineral, um piano pode cair do alto de um prédio e me atingir, etc. Tragédias mais do que banais, sem dúvida, das quais não estou livre, eu e bilhões de seres humanos que vivem suas vidas comuns, inclusive você que lê este texto. Por isso, queria deixar claro que todos os posts que faço nesse blog são sempre, provisoriamente, o último post de minha vida, o que não deixa de ser um fato relevante. Lembro que Manuel Bandeira disse que queria que seu último poema fosse assim ou assado; o grande João Cabral se preocupava com o último sonho, ou o "sonho final", como queiram... Eu, que não passo de um projeto de mim mesmo, e não sou pernambucano, queria apenas que o meu último post fosse tão sincero (ou falacioso) quanto eu mesmo quando tento ser sincero (ou falacioso).
Ponto.
(Você acredita em mim, Larisse?)

sábado, 19 de junho de 2010

Repatriar

''Eu não sei na verdade quem eu sou, já tentei calcular o meu valor

Palhaço é um homem todo pintado de piadas!"


Letra de "O teatro mágico"



Comentário: Muita satisfação em estar de volta com duas frases que refletem o estado de espírito do velho autor Victor Hugo. Tirei férias de tudo, mas uma reunião feita nos confins das ilusões fazem minha pessoa voltar a escrever. Tem a parte do contrato que tenho que cumprir também, assinei um pré contrato que fixam meus direitos econômicos a este querido blog. O circo está montado, os 'palhaços' Victor, Luciano e Fabrício fazem a alegria do público . Em breve novos posts...que iluminarão vossas mentes.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

À noite

Era a noite das noites em São Luís - calor, vulgaridade, violência. Eu, cansado do dia de trabalho e da vida impregnada de obviedade, caminhava obliquamente por uma rua qualquer da Forquilha, mal iluminada como um prostíbulo (a vida ou a Forquilha? - tenho sempre minhas dúvidas). Eu conhecia aquela região da cidade como a palma da mão: o Bom Preço, a antiga Código Vídeo, atual Papelaria Montelo, o bares, os churrasquinhos. Tudo muito prosaico e banal, como sempre. Até que alguns homens vieram na minha direção, mal vestidos, saídos do breu que era um dos becos que desembocavam na Alarico Pacheco. Primeiro eles pediram fogo para acender os cigarros: eram muitos, 8 homens. Um deles não tinha um cicatriz na testa, os outros 5 eram mediam aproximadamente 1,40 de altura e os 4 restantes certamente eram escritores frustrados, dada a sua cara de eruditos tristes. "É foda!", um deles disse, "a gente passa a vida toda tentando conseguir uma coisa simples como fogo e um dia consegue." Ao fundo, na imagem noturna, um ônibus da linha Forquilha-Ipase (T-095) segue seu caminho, rumo ao ponto final.
E ele continuou: "O fogo é a energia pura, é puro Heráclito. Conseguimos". Não consigo me esquecer da camisa do Flamengo que um deles usava: era provavelmente o modelo da equipe campeã do Mundial de 1981, com Adílio, Zico e Tita. É isso que acontece.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mapastral

Precisávamos parar um pouco, e manter a sanidade. Só. Eramos nós que estávamos à beira de tudo, como cães no viaduto à noite, como pedras polidas no assoalho do rio límpido. A fotografia pendurada na parede sem cor sou eu. A parede sem cor também sou eu. De fragmentos fiz a tua muralha, o teu carrosel sem eixo, tuas covardes impetrações, tudo isso abotoado com um post-it gigantesco no qual escrevi de esferográfica: "Eu não te amo, e como isso dói". Doer é um verbo cujas conjugações todos conhecem. Então, querida, as fissuras do tempo-espaço irrompem à tua presença, ao teu paladar, gemendo e chorando neste baile de lágrimas, de fragmentos e fragmentos e mais fragmentos e mais fragmentos de fragmentos de fragmentos e chove sem haver nuvens no labirinto chamado democracia - peço erros estatísticos, peço uma pratada de macarrão, peço a porcaria da folha de papel na qual grafo sem parar as asneiras puras como flores antes que alguém as arranque do campo.

domingo, 13 de junho de 2010

II

...No instante seguinte se apegava a pensamentos detestáveis que vinham a sua mente madrugada adentro, sempre que apagavas as luzes. Por que literatura nacional não tem tantas palavras estanhas enquanto os estrangeiros, quando traduzidos ficam cheios delas?: Oblongo, empertigava-se, patusca, rebutalhos, súcubus. E mais uma vez lembrava-se dela: a dilaceradora, era assim que a chamava. Teria sido um sonho que acabara mal [dormir por cima do braço sempre lhe causava pesadelos assim]. Não importava mais. Resolvera ser diferente, ser melhor. Queria se tornar romântico sem ser piegas [que palavra para ser dita!?]: rimas fáceis e sonoridades: quem, realmente, se importa com isso. O amor tece dores, foi o que pensou...
.
.
.
.
*Texto de Fabrício B, como complemento ao texto "I".

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Mudanças

Vulcão
furacão
cães de guarda
guardas armados
armas engatilhadas
mas
o mundo pode mudar de lugar
pode vagar
devagar
divagando.
Mas ga...gaguejando
engatinhando
ando e nada
muda nada se move
chove mas
nada umedece
apenas minha íris já enxuta
se comove
e morre, mas não
esquece.
.
.
.
.
Poema de Fabrício B., obnubilado pelo Sistema.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Comunicado

Foi muito bom estar com vocês galera, um blog repleto de belas histórias, de experiências transformadoras e um bando de três loucos fazendo todos rirem, chorarem e pensarem. Produzi textos que ao meu olhar era simples demais, mas o público adorava. Não era a hora de parar de produzir, mas como o capitalismo do século XXI, nossa família e nosso desejo de alçar novos vôos e buscar novos caminhos que talvez sejam melhores, fazem-me despedir das pessoas que acompanham e acompanharam e colaboraram com um pouquinho de si para o crescimento desse veículo de comunicação e felicidade da população. Deixo portas e janelas abertas para voltar em breve e construir novas amizades, novos textos e velhos primos colaboradores.


Abraço a todos ...

Victor Hugo

I

E lá estava ele, parado ao vento, como uma árvore no inverno. Postura de um zagueiro que há tempos ficou para trás e será inevitavelmente culpado pelo gol. Aquele ar de derrota típico em seus olhos. Seu trejeito ao ajeitar os óculos tentando expressar uma figura filosófica.
- Jogo de botão, jogo de botão [era no que verdadeiramente estava pensando].
Sua forma protuberante deixava subentendido que não queria ninguém por perto. Gostava de uma banda específica e sempre lhe dizia que essa banda era, como todas as outras, só do vocalista. Um vocalista tolo que escrevia músicas sem sentido, mesmo para ele, mas que todos os fãs se viam nela. Ele apenas dizia ‘Deixe de ser bobo!’. Deixe de ser bobo: Que frase mais infantil para ser dita.
Enquanto isso pensava quando se envolveria seriamente com uma mulher. Divagava sobre a realidade. Que mulher, em sã consciência, se envolveria com um borjeço: Mandar em um baixinho é fácil. Elas querem demonstrar seu poder e a maneira mais fabulosa é manter sua supremacia sobre o arquétipo de Apolo e, apesar de seu machismo e proeminente musculatura, retesá-lo como um rato, com suas artimanhas, joguetes juvenis, com ilusões que davam à presa a sensação de comando, quando, na verdade, fariam de tudo para manter este status quo. E ele desejava ardentemente ser este rato. Mas seu coração continuava ferido com aquela dor terrível, comparável a bicarbonato [de sódio] sobre aftas...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Forquilha (Uma homenagem)

Seja mal-vindo:
Essas são as nossas esquinas: pérfidas, chuvosas.
Salpicadas da gordura cansada do cotidiano.
Os que param por um instante são apenas homens sem rosto,
Sem dinheiro, sem alma, jugulares.
Traficamos, morremos, fugimos da polícia.
Temos apenas fragmentos do que eram nossas vidas e nossa humanidade.
As vans lotadas confessam a pobreza,
As mercearias inúteis envoltas na nuvem de poeira.
A feira repleta de ratos,
As padarias inevitáveis,
O célebre e famigerado retorno.
Pois não há história coerente a ser contada neste lugar do mundo.
Apenas o nojo.

.
.
.
.
(Dedico este post ao bairro no qual vivi toda a minha vida, ao bairro que não tem nada demais, ao bairro que fede a esgoto parado, a fumaça de ônibus, ao bairro que não me ensinou nada, ao bairro que extrapola o bom senso, ao bairro mais impressionante de mundo, ao bairro mais terrível do mundo, ao bairro cujos acontecimentos banais se transformam em novos 11 de setembro, novas quedas do Muro de Berlim em minha mente, ao bairro que é o meu bairro. A Forquilha é o centro do mundo.)

Precisamos parar, meu anjo (ou "Poema Incompleto, Baseado em Poemas Anteriores, Mas Sobre a Mesma Mulher de Sempre:Ela")

A imagem é nítida demais para ser real.
Aqui estou eu, diante da personificação da Beleza: minhas experiências triviais de ser humano, de brasileiro, de maranhense, agora foram purificadas. É algo eternamente novo. Ela parece música. Acho que sim; deve fluir uma pauta dentro de suas veias, repleta de breves, semibreves, colcheias, luz, flores, pureza. Ou então tinta guache, suave, artística, leve como açúcar.
É um susto pré-concebido, e até premeditado. Mas é sempre um susto.
Com uma flor no cabelo, é assim que eu a imagino, sempre. Por detrás de um primeiro plano arquitetado por Cézanne ou Monet, caindo de pára-quedas, ela é/

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Amortecedores

Amor Tecedores


Amor é plantado, regado.

Amor é colhido, escolhido.

Amor é fiado.

Amor é tecido.

Amor enlaçado.

E assim nos reveste

De uma incrível veste colorida

De alegria e paz.


Amor Tece Dores


Amor ferido, amor afogado,

Amor esquecido.

Amor descolorido, desfiado,

Amor rasgado,

Amor lançado

No horizonte perdido,

A uma distancia imensurável rumo ao infinito.

Passatempo


Nenhum tempo passa tempo

Nenhuma uva passa tempo passa tempo

Nenhum vento passa como o tempo passa na uva passa

Nenhuma vida é passa como passatempo

Nenhuma vida passa como o tempo

Nenhuma passa com o tempo,

e tudo se resume ao passar tempo...

como a vida, como o tempo, a uva..Passam .


Comentário: Dê valor às simples coisas da vida...porque um dia elas passam.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Quando eu crescer


Desde pequeno me perguntaram o que eu queria ser quando crescer

Astronauta, boleiro, caçador de pipas ou de sonhos

As esperanças se multiplicam nos olhos de uma criança que mal sabia se casa era com Z ou com S

Palitos de picolé transformam-se em pessoas...

Palitos de fósforo em crianças...

Caixinhas de leite em carrinhos...

A criatividade a flor da pele, os olhos vidrados no vazio da noite

Ele só sabia que a esperança era escrita por ele mesmo, “com o acento” da batalha que ele mesmo enfrentara todos os dias... fome, solidão, ilusão.

O peso de mudar uma realidade leva esse menino a crescer, virar um poeta e ver que nem tudo se resume a dinheiro, que estar ali vivendo e respirando já é uma bela demonstração que estar vivo é uma grande comprovação de que Deus existe e sempre esteve ao seu lado.