sábado, 31 de julho de 2010

Cacto

Preciso tirar umas dúvidas.
Eu, em meu ar quase sempre distante, abstrato, auto-referente, parecerei um cacto?
Quando me olho num espelho qualquer, sinto-me absolutamente longe, desértico.
Não tenho espinhos, acho, mas as características restantes batem:
sozinho no meio do tempo e dos substantivos,
permeado por significados inapeláveis
com o coração repleto de infiltrações e fissuras
com o medo de sempre estar fugindo, mesmo estando parado.
Minha voz é de cacto, minha risada também (ou de crocodilo), minha barba é de cacto, meus cabelos (cada vez mais raros) indicam a cacticidade.
Sou sim.
Só resta saber se eu sou o mais humano dos cactos ou o mais cacto dos humanos.

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