sábado, 17 de julho de 2010

Oh, apesar (Auto retrato pretensioso)

Eu era o próprio astronauta infanto-juvenil-pseudo-dipsomaníaco.
Eu amava a mulher errada, numa tentativa de amá-la o maior número de vezes possível, mas ela escorria de minhas mãos como manteiga Qualy light sem gorduras trans derretida.
Eu ainda lerei Freud fumando um charuto azedo (metonímias vulgares)...
Eu cheguei às 5:30 da manhã.
Eu nunca tive uma namorada, apesar de achar que sim, mesmo estando enganado.
Eu estou me transformando em meu pai, precocemente, logo aos 21 anos de idade.
Je suis Luciano Leite da Silva, um crápula até que simpático, com indícios tristes e gritantes de calvície. Tenho vivido em bairros que fedem a mijo e absurdo. Tenho sido incompreendido em metade das minhas palavras, e a outra metade eu esqueci e entendo que a estética da não-estética é o prato do dia, junto com mocotó e farinha de puba, levando em conta que eu sou Nietzsche, Jesus, Tim Maia e Seu Madruga ao mesmo tempo.
Tenho saudades dos áureos tempos em que fugíamos da chuva só nós dois, e éramos atropelados por velozes automóveis na Avenida 4 deserta, sob a luz dos postes minimalistas, em frente à Extrafarma fechada. Meu amor, teu nome era Clarisse, como sempre, e teu nome era sempre novo.
Oh, apesar de estar contigo, eu não sou eu.

3 comentários:

  1. 'I just turning into my parents':a vida não é justa, Lucci.

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  2. cara, nem é manteiga, é margarina, que soa mais falso ainda!

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  3. Sob a luz dos postes fechados, em frente à Extrafarma minimalista. Eu nunca tive uma namorada precocemente, apesar de achar que estou me transformando em meu pai, enganado.

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