sexta-feira, 16 de abril de 2010

Auto-de-fé

O autor refletiu sobre a necessidade de encontrar referências culturais e filósicas mais consistentes e ousadas, que servissem para enriquecer seu repertório de conhecimentos sobre o ser humano, sobre os jogos de azar (como sinuca) e sobre trocadilhos infames. Ele estava cansado das definições prosaicas sobre a vida, a arte, a política, advindas de epopéias como "Zorra Total" e "Casa dos Artistas". Ele buscava o novo, o indescritivelmente moderno, o complexamente visionário. Mas, para chegar a essas novas formas de ver o mundo, ele não partiu em um tour indefinido pedindo carona pelos Andes, nem como clandestino num navio chinês com tripulação holandesa. Ele não leu "O Segredo" para encontrar novas formas de alcançar seus objetivos. Ele não virou engolidor de espadas num circo cujo dono tem sobrenome Hernandez ou Abravanel. Ele não virou hippie, o que seria um lugar comum na década de 60 e hoje não é mais do que uma atitude teatral. Ele não iniciou um curso superior do Filosofia, e não começou a usar maconha. Ele não arranjou uma namorada (apesar de entender o amor como uma forma completamente nova de enxergar a existência). Ele não se filiou ao PC do B.

Na verdade a única coisa que o autor quis fazer (por achar pertinente e válido) foi criar um alter ego que não fosse escritor, que vivesse uma vida comum, sem preocupações, sem filosofias, sem blog, lendo uma média de 1,8 livros por ano (ou lendo apenas os créditos da telenovela). Esse alter ego você pode encontrar em qualquer esquina de São Luís. O autor agora virou definitivamente esse alter ego, pois queria fugir. E fugir consitirá também em deixar de ser o que se é.

(Esse post é uma homenagem a todos que fogem.)

4 comentários:

  1. prefiro o universo da ignorância contemplativa ao da inteligência fragmentada = ñ sei comentar

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  2. acho que a única merda disso aí é a gente não saber direito com quem está falando nem o que esperar, afinal é tanta gente
    egosuperegoalteregoiddoppelganger
    lembrei daquela pergunta de ricardo: "o que é que te define?"
    o que foi q vc respondeu mesmo?

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  3. É, grande autor... muitas vezes acabamos nos camuflando, talvez para não chamar muita atenção, talvez pela simples presença de medos, expectativas ou angústias.
    Nos rascunhos que desenvolvemos na busca de uma fórmula própria de lidar com as variadas questões da vida, esquecemos que a solução pode estar em um sorriso, uma palavra, um gesto, um olhar.
    Talvez a melhor forma de encontrar o insight ideal é encontrando uma janela para os detalhes. Você já encontrou a sua?
    Eu, ainda não. E continuo imaginando o que o bravo Jarbas teria feito, para atravessar a rua e enfrentar os olhos dessa Margarida...
    Abraços.

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