sábado, 17 de abril de 2010

Auto-ironia

Escrever um novo post se torna cada vez mais difícil para o autor. Momentos de terrível ansiedade recaem sobre o espírito do pobre Luciano quando se aproxima a hora de escrever algo na beira do computador. Ele sua, come doces compulsivamente, esquece as chaves de casa, é atropelado nas avenidas (aliás, ele não precisa ficar ansioso com nada pra ser atropelado; esse é um atributo natural das pessoas tontas). O ofício de escritor moderno (ou moderninho, no pior sentido) tem sido um peso imensurável na vida do jovem, cujas únicas obrigações-de-homem-sério antes de possuir um blog eram assistir de vez em quando o Jornal Nacional e comprar o pão de manhã cedinho - e olhe lá. Ele não suporta mais. Suas dores amainam apenas quando, a muito custo, o texto fica pronto e ele pode clicar no quadradinho laranja que diz "Publicar Postagem". Passar para o papel suas angústias, necessidades e questões existenciais é a missão mais difícil que surgiu em sua vida. Transformar tudo aquilo em metáforas, base de toda escrita ficcional, então, passou a ser um tortura das piores! Mas o autor teve uma ideia e está muito próximo de alcançar uma solução para tudo.
"Toda arte é absolutamente inútil", lembra Oscar Wilde. Logo, não é mais necessário fazer arte, nem exigir de si qualquer nível de esteticidade no que se produz, mesmo porque fazer algo com intenções formalmente estéticas soa vulgar e óbvio nos dias de hoje. Luciano resolveu parar de escrever mini-contos, poemas abstratos, digressões sobre a vida contidiana, reflexões oportunescas sobre futilidades universais; e passará a relatar no blog apenas as coisas com as quais sonhar durante a noite, num exercício de significação e atribuição de sentido, sem quaisquer intenções impressionistas ou artísticas. Ele será direto, conciso e objetivo nessa empreitada. Nada de "viagens", porque, do jeito que andava o blog...
Mas surge a dúvida: quem me garante que eu, minha vida, meus textos, as pessoas que conheço, a sociedade na qual vivo - que tudo isso não é mesmo um sonho noturno ao qual eu tento entender, sem conseguir? Borges anteviu tudo isso, mas o autor parece sentir, que vale mais do que antever. Sim, escrever sobre a vida é saber-se num sonho, só isso. Ah, sim, escreverei sobre esse sonho, sempre.

2 comentários:

  1. Luciano, você é uma pessoa fantástica, e, se continuar desse jeito, você escreve o que você quiser, e terá minha admiração.

    Mas essa crise de todo blogueiro é, de certa forma, inevitável. Mas eu sei que tem muita coisa nessa caixa de madeira ainda ^^

    :*

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  2. Sabe, eu ñ te condeno;
    tipo, escrever sobre anseios,sonhos e a coisa toda ; muita gente vive angustiada e ñ consegue falar disso nem consigo mesmo

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