segunda-feira, 12 de abril de 2010

O poeta, a essência

Um dia desses me perguntaram se eu era poeta. Poeta? Não sei. Se o poeta é um ser cuja capacidade de ficar calado ou parado está atrofiada, cuja inquietude é visível na esclerótica, no desaprumo do penteado, no desalinho das vestimentas, se o poeta é um homem que já foi atropelado no trânsito algumas vezes, um ser cujas tempestades estão do lado de dentro, e não na atmosfera, um ser que esquece de fazer a barba: ora, talvez eu seja um poeta.
O poeta não é a aquele que escreve sonetos sentimentais, dísticos sensíveis ou alguns versos em que declara amor a uma certa Marília de Dirceu. O poeta é um homem cujos anzóis foram roubados, e só. Agora ele tem que pescar com as mãos, num oceano do tamanho do Universo.
Boa sorte para o Poeta.

4 comentários:

  1. O autor Luciano explora a complexidade das coisas, outrora simples.

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  2. Luciano, parabens !

    Seus escritos são demais...
    Você é o cara que consegue tirar água de pedra, achar agulha no palheiro e colher flores no deserto, com simples jogo de palavras você dá muita vida aos pensamentos.
    Abraço do tio Pedro.

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